
O ciúme na visão da Fenomenologia Existencial
O ciúme, sob a lente da fenomenologia existencial, transcende a mera emoção, revelando-se como um fenômeno complexo que emerge da própria estrutura da existência humana.
Nessa perspectiva, o ciúme não é apenas uma reação a uma ameaça externa, mas uma manifestação da nossa relação com o mundo, com os outros e conosco mesmos.
A natureza do ciúme na visão fenomenológica existencial
Existência relacional:
- A fenomenologia existencial destaca que somos seres inerentemente relacionais, ou seja, nossa existência é tecida em interconexões com os outros. O ciúme, nesse contexto, surge da consciência de que nossa relação com o outro, especialmente em relações afetivas, é vulnerável e pode ser ameaçada.
- A experiência do ciúme revela nossa necessidade de reconhecimento e validação por parte do outro, bem como nosso medo de perder esse reconhecimento.
Liberdade e angústia:
- A liberdade, um conceito central na filosofia existencial, implica a responsabilidade de escolher e construir nossa própria existência. No entanto, essa liberdade também gera angústia, pois somos confrontados com a possibilidade de perda e com a incerteza do futuro.
- O ciúme, nesse sentido, pode ser interpretado como uma manifestação da angústia diante da possibilidade de perder a liberdade de ter o outro em nossa vida.
Temporalidade:
- A experiência do ciúme está intrinsecamente ligada à nossa percepção do tempo. O medo de perder o outro no futuro, a lembrança de momentos passados de intimidade e a sensação de que o presente está sendo ameaçado são elementos centrais na vivência do ciúme.
- O ciúme também pode ser visto como uma tentativa de controlar o futuro, de garantir que o outro permaneça em nossa vida.
Ser-no-mundo:
- A fenomenologia existencial enfatiza que somos seres-no-mundo, ou seja, nossa existência está sempre situada em um contexto específico. O ciúme, portanto, é influenciado por fatores culturais, sociais e históricos, bem como pelas experiências individuais de cada pessoa.
- A forma como vivenciamos o ciúme é moldada pelas nossas crenças sobre relacionamentos, pela nossa autoestima e pelas nossas experiências passadas.
Implicações para a compreensão do ciúme:
- A abordagem fenomenológica existencial nos convida a olhar para o ciúme como um fenômeno complexo e multifacetado, que não pode ser reduzido a uma simples emoção.
- Essa perspectiva nos ajuda a compreender que o ciúme não é necessariamente algo negativo, mas pode ser uma oportunidade para refletir sobre nossos relacionamentos, nossos medos e nossas necessidades.
- Ao reconhecer a natureza existencial do ciúme, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com esse sentimento, buscando o autoconhecimento, a comunicação aberta e a construção de relacionamentos mais autênticos.
Referências:
- Heidegger, M. (1927). Ser e tempo.
- Sartre, J.-P. (1943). O ser e o nada.
- Merleau-Ponty, M. (1945). Fenomenologia da percepção.
Espero que esta visão fenomenológica existencial sobre o ciúme seja útil para sua compreensão deste sentimento tão humano.

Entre em contato comigo, Thais da Costa de Souza, psicóloga especializada em fenomenologia existencial e relacionamentos, e autora deste artigo.
Vamos juntos explorar sua existência e encontrar formas de você se sentir mais pleno(a) e realizado(a).
Comentários
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Parabéns pelas análises, percepções e por compartilhar.